* Elizabeth *
Aaaah! Sonhei com tudo que eu e a Angélica poderíamos fazer, ela era demais! Legal, me apóia, me escuta, me ajuda, é idiota junto comigo, hahahah. Coisas que grandes amigas fazem!
Nos conhecemos na 4ª série e estudamos juntas até a 7ª série, mas mesmo não estudando juntas, nós mantemos nossa amizade que sempre cresce mais forte!
Puxa, conheço ela à 7 anos! É tempo demais pra nos aguentarmos! haha
— Uaaah! Ei! Já acordou é? — ela disse esfregando o rosto — tava me observando dormir pensando em como me mataria ou simplesmente achou o barulho da minha respiração boa, sua psicopata?
Eu dei um sorriso sarcático pra ela e rimos.
— Olha, você quer tomar um banho? Você nem tomou ontem... eu trago nosso café aqui pra cima!
Nós duas levantamos e nos espreguiçamos.
— Aaai, Lizzie! Se você trouxer, eu agradeço amiga!
— Sem problemas, Joan! Já volto! Fique à vontade, sabe né..
As pessoas sempre se perguntam por quê chamo a Angélica de Joan; é porque elas não sabem o nome completo dela: Angélica Joanne Bertuccelli ( se lê "Bertuchéli" ), ela é descendente de italianos, sim. Então, como eu não achava um apelido descente pra "Angélica", chamo ela pelo sobrenome, que, vamos combinar; também é lindo. E quase todos a chamam assim, já é costume.
Desci e avisei que eu e a Angélica íamos tomar o café-da-manhã no meu quarto. Minha mãe não achou muito bom e já começou o blablabla; mas meu pai a ignorou e deixou: "pode ir fofocar Liz. Aproveita viu?! Mas arruma tudo depois e, sem sujeira!"
— Ok... obrigada pai. — peguei as coisas na mesa e olhei pelo canto do olho pra mamãe, ela estava com uma cara indecifrável, parecia decepção.
Fui subir as escadas mas parei no meio e ouvi meus pais começarem a discutir, ambos com um tom grave na voz.
Fiquei ouvindo pelo menos 10min, quando uma colher caiu das minhas mãos e eu lembrei da Angélica. Afastei a porta do meu quarto com o pé, minhas mãos estavam completamente ocupadas, e vi a Angélica sentada do lado da cômoda do lado esquerdo da cama, onde Justin e Ryan já estiveram.
— Hey! Uma ajudinha...? Eu aceitaria, obrigada. — falei.
Ela olhou pra mim "ah!" e quando se levantou da cama de um pulo, largou um dos álbuns de fotos do meu irmão e do Justin na cama.
Ela me ajudou e colocamos as coisas em cima de um suporte, tipo uma mesinha mesmo, em cima da minha cama. Começamos a comer.
— *mastiga* sabe Liz... *engole* aquelas fotos... Quem são?
Argh! Eu teria que falar, eu sabia. Afinal, uma hora ou outra eu já esperava, mas mal nos reencontramos. Sim sim, eu sei! Ela é minha amiga o bastante pra eu estar segura de contar esse "grande segredo".
Mas é estranho! Parece uma piada, um desenho animado daqueles bem toscos que a gente ama... Sério, pareceu qualquer coisa, menos minha vida real.
Respirei fundo e me preparei.
— Angélica — falei o primeiro nome pra ela ver que não estou brincando — quando eu cheguei aqui, conheci... ou melhor, reencontramos umas pessoas...
Ela me olhava como se eu fosse o último capítulo de uma novela.
— ...e bem... o menininho da foto.... foi ele que reencontramos, e a mãe dele né...
— Tá, tá Liz! Já que você não vai chegar lá, deixa que eu ajudo! Eu acho que já vi aquele rosto, sei lá. Eu conheço?? Fala aí, idade, nome; informações!
Droga. Só de falar o nome já foi tudo mesmo. Fechei os olhos e falei de uma vez.
— Justin Bieber.
Arrisquei abrir um olho, ela me olhava séria.
— Justin.... Bieber....?? Sério....?
Assenti.
— Uau. Como você... como você pôde guardar uma coisa dessas? — pausa pra respirar e absorver tudo — Então, era dele que você no telefone, nas nossas conversas...? Ha, só podia. Você nunca citou um nome ou referência à ele, eu pensava que você.... Ai que droga Elizabeth!
Ela se levantou e começou a andar de uma ldo pro outro, com seus cabelos ruivos molhados respingando água pra tudo que é lado.
— Joan!! Eu só... você não imagina o quanto é estranho...
— ...sua amiga não confiar em você? Pode crer que agora eu sei!
— Quê??! Não!! Angélica! Eu confio plenamente em você!
— Ah, pelo amor de Deus, Elizabeth! Por quê guardou uma coisa dessas então? Eu iria entender! Você sabe, droga! Acho que você fala tudo da boca pra fora, vai ver você nem me considera sua amiga! Confia plenamente! Que falsidade!!
— FALSIDADE?? QUE DROGA, EU TÔ TENTANDO TE EXPLICAR!! VOCÊ...
— Pára!! Não quero mais te ouvir. — ela disse pegando um casaco jogado na mesa da televisão e se dirigindo a porta. Eu me levantei, mas ela apontou a mão em minha direção — não! Não... por favor, você é a última pessoa que deve vir conversar comigo.
Ela saiu. Ouvi ela descendo as escadas e a porta bater. Olhei pela janela e ela andava, com a mão na cabeça.
— Eliza!! — papai — o que aconteceu? Por quê a Angélica saiu sozinha??
— .... eu também não sei pai... não sei mais nada. Por favor, me deixa sozinha.
— Mas... você tem que ir procurar a Joan!
— Eu prometo que ela volta... tá? Eu prometo.
Meu pai suspirou.
— Ok... confio em você, querida. Pelo amor de Deus Elizabeth, ela tem que voltar! Hoje está muito frio, tenha cuidado.
Eu olhei pra ele e assenti sem ânimo.
— Aaaf, que belo dia! — papai ironizou — Bom, sua mãe vai levar o Ricardo pra alguns lugares, parques, bosques, etc. Eu vou com a Laura e o Daniel no shopping, eu ia chamar você e a Joan mas...
— Ok.
Ele veio até mim e me beijou na bochecha.
— Se cuida. Nós já vamos... te amo.
Ele fechou a porta e eu não sabia o que fazer. Estava em choque.
Que vida idiota.
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