quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Começos e Recomeços - Cap. 18

~Ele começou a pentear meu cabelo com seus dedos, tão delicado, tão gostoso... que eu resolvi fechar os olhos só por um minuto; e sonhei que eu estava no céu.~









* Elizabeth *

Quando eu acordei, o Justin não estava mais lá e meus cabelos estavam espalhados aonde ele estava sentado.
Me levantei e esfreguei os olhos. Bocejei. Eram 17:45h e eu queria tanto poder sair lá fora. Estava um entardecer lindo, o céu tinha uma cor laranja e o sol estava se pondo. Eu queria mesmo sair.
Chamei a minha mãe e ela veio logo.
— Aqui, me ajuda com essas muletas — empurrei as próprias, que estavam do lado da minha cama pra ela. Nem tinha olhado pro rosto da minha mãe, mas quando olhei, ela limpava os olhos molhados.
— Mãe?! Você tá bem?? Tá chorando por quê?
— Ai filha, nada...nada.
Eu não era muito "próxima" da minha mãe, nós não conversávamos direito, mas nas férias o papai tem que trabalhar por 17 dias, então a mamãe é quem fica em casa e uma conversa ou outra acontece.
Mas naquele momento, eu estava preocupada com ela.
— Não mãe! Senta aqui! — arrumei um pouco um lugarzinho na cama, tirei os travesseiros espalhados, etc. —  Fala pra mim!
Ela nem se mexeu. Eu estava começando a ficar em pânico. Droga! Eu não podia levantar e sei bem como é a dor... mas ela precisa de alguém, de um abraço confortante pelo menos!!
Fui me preparar pra tortura de me levantar mas meu celular tocou.
Que merda!
— Alô!? — atendi com uma voz áspera que até eu me assustei.
— Nossa.. oi, é o Ryan.
— Ryan, agora não é hora, valeu?! Tchau.
Finalizei a ligação — e até desliguei o telefone de vez.
Minha mãe não tinha se mexido nem um centímetro. Isso me assustou também.
Reuni todas as forças que eu tinha pra me levantar.
1,2,3 e...
AAARG! — gritei fechando os olhos de dor.
De repente minha mãe levantou a cabeça com cara de espanto.
— Elizabeth!!  *snif*  Você não pode fazer isso! Vai piorar!!
— Eu... não fiz.... esse... esforço.... a toa...!
Eu parti pra cima dela deixando meu pé machucado que latejava constante e dolorosemente, cair. E abracei ela com força. Mas ela só me levou de volta à cama.
— Olha, não é nada. É que estou com saudades... da nossa casa.. e de como minha vida era diferente lá... — ela recomeçou a chorar.
Não pude deixar de duvidar que isso era uma desculpa; ela nunca "amou" tanto aonde a gente vivia. Mas eu aceitei, só pra aquilo acabar logo.
— Mãe!! Pensa nas coisas boas! — pus as mãos no rosto dela — você reencontrou a Pattie, está expandindo sua mente visitando outros lugares, e se for saudade de casa, nós voltamos daqui à um meio e meio, por aí! Calma tá!
Nos abraçamos, então ela limpou o rosto e falou:
— Ok Liz... ok. Me desculpe amor. Vamos cuidar desse pé! Dói mais?
Ah, o pé.
— Si, é. Sim, muitooo mais!
— Eita garota! Eu vou ver se consigo alguns remédios pra aliviar a dor e mais alguma coisa...
— Acho que é melhor chamar o papai pra me levar pro hospital. Tá doendo MUITO mais, mãe!
— Seu... seu pai. Ele... acho melhor não Lizzie.. —  ela abaixou a cabeça, séria — mas você acha mesmo que tem que ir pro hospital?
Olhei pra ela com um olhar duvidoso e queria perguntar sobre meu pai. Mas meu pé gritava por socorro.
— É! Sim! Hospital!!
— Aai filha! Mas não tem ninguém pra nos levar!
Minha mãe não tinha carta de motorista, Daniel ainda não podia — mesmo já tendo 16 anos, e aqui nos EUA poder dirigir com essa idade, ele também não tinha tirado carta — a Laura estava fora, eu poderia dirigir, afinal já tenho 17 anos e tenho a carta! Mas se eu fosse tentar salvar minha vida, bem capaz de acabar tirar ela de mim. E o mais importante, não tínhamos carro! O papai usava o único.
— Táxi!! Chama um táxi, mãe!
— Não dá! Não tenho dinheiro! E vamos ter que levar o Ricardo junto! O Daniel está planejando sair e não vai ficar ninguém pra tomar conta dele!!
Caramba!! Que droga!!
Eu pensei em não ir mais pro hospital; mas eu realmente precisava! De verdade! Porque eu sempre aguentei tantos machucados e dores, que na maioria das vezes descartávamos os hospitais de cara! Mas eu reconheço quando tenho que recorrer à um profissional.
— Ah! — arranjei a solução. Bom, pelo menos tinha 80% de certeza que sim.
Liguei meu celular e achei o número que eu queria.
Fechei os olhos com força, torcendo e cruzando os dedos: "Vamos lá! Vamos lá! Meu Deus!!"
— Alô? — ele atendeu com uma voz ofegante. Mas eu não tinha tempo pra perguntar o por quê; 
— Justin!! Preciso da sua ajuda, AGORA se possível!!

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